Nasceu uma nova forma de protesto

"Acordai!", música heróica de Fernando Lopes-Graça e com letra de José Gomes Ferreira, serviu de banda sonora à manifestação de 21 de Setembro às portas do Palácio de Belém, enquanto decorria o Conselho de Estado. Um coro de vozes levantou-se contra ... [+]
"Acordai!", música heróica de Fernando Lopes-Graça e com letra de José Gomes Ferreira, serviu de banda sonora à manifestação de 21 de Setembro às portas do Palácio de Belém, enquanto decorria o Conselho de Estado. Um coro de vozes levantou-se contra a austeridade, a Troika e o Governo de Pedro Passos Coelho. A iniciativa partiu da cantora lírica Ana Maria Pinto, do Porto, que já tinha participado na manifestação de 15 de Setembro, convocada pelo movimento "Que se Lixe a Troika". Solidária com todas as ações que partilhem os mesmos objetivos, já está a organizar um novo protesto cantado para 29 de Setembro, no Porto (Av. Aliados, 19h45) e em Lisboa (Praça do Rossio, 19h45), que reforça e prolonga a manifestação da CGTP marcada para o mesmo dia, às 15h no Terreiro do Paço. Mas aqui a música terá um epílogo, a 30, em Guimarães, às 21h30: Lisboa: https://www.facebook.com/events/148917998584273/ Porto: https://www.facebook.com/events/279769425469870/ Guimarães: https://www.facebook.com/events/488189614539342/ Neste conjunto de concertos tripartidos por Lisboa, Porto e Guimarães, Ana Maria Pinto acrescenta mais uma canção heróica de Lopes-Graça, desta vez com letra de José João Cochofel: FIRMEZA "Sem frases de desânimo, Nem complicações de alma, Que o teu corpo agora fale, Presente e seguro do que vale. Pedra em que a vida se alicerça, Argamassa e nervo, Pega-lhe como um senhor E nunca como um servo. Não seja o travor das lágrimas Capaz de embargar-te a voz; Que a boca a sorrir não mate Nos lábios o brado de combate. Olha que a vida nos acena Para além da luta. Canta os sonhos com que esperas, Que o espelho da vida nos escuta." Chamam-se "Canções Heróicas" porque contribuíram para exaltar a liberdade e dar força a todos aqueles que lutavam contra a ditadura de Salazar. A primeira versão foi publicada, em 1946, sob o título de "Marchas, Danças e Canções -- próprias para grupos vocais ou instrumentos populares". Foi apreendida pela Censura o que impediu que os poemas fossem ouvidos e cantados em espectáculos ou sessões públicas, como até então. Contudo, muitos resistentes continuaram a cantar as canções nos encontros clandestinos ou nos países onde se encontravam exilados. Em 1960, surge uma colecção, mais alargada, com o nome de "Canções Heróicas, Dramáticas, Bucólicas e Outras". A nova edição destinava-se a celebrar o 50º aniversário da implantação da República e foi divulgada com grandes precauções, num meio muito restrito de pessoas. Finalmente, a versão final ficou conhecida por "Canções Heróicas". Jornalista: Salomé Pinto Imagem: Valter Lopes
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