Comentário: Bob Fernandes (Ao vivo) - 21/11/2011

O cientista político Atila Roque é o Chefe do novo escritório da Anistia Internacional no Brasil. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo ele adverte: "A maior ameaça ao Brasil são as milícias". Milícias, ou paramilitares, são organizações crimino... [+]
O cientista político Atila Roque é o Chefe do novo escritório da Anistia Internacional no Brasil. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo ele adverte: "A maior ameaça ao Brasil são as milícias". Milícias, ou paramilitares, são organizações criminosas criadas por policiais ou militares. No Brasil, assim como na Colômbia e México, as milícias nasceram com a desculpa de combate ao narcotráfico. No Brasil, milícias já atuam em 11 dos 26 estados da federação. Na Colômbia e no México, os paramilitares se tornaram um problema tão grave quanto o das drogas. O tráfico, seja de drogas ou de armas, é um mal para as sociedades: ninguém com juízo duvida desse fato. Como enfrentá-lo é que é o problema. Problema que divide opiniões. Em países com intolerâncias gerais em alta, como o Brasil, o debate aberto e franco sobre a questão das drogas -apenas o debate, nada mais - tem sido vítimado por políticas de avestruz e, nas redes sociais, por quem costuma agredir anonimamente. Este tem sido um debate futebolizado por aqui, com sobra de paixões e escassez de informação. Prestemos atenção, então, ao que dizem a ONU e alguns dos grandes interessados no tema. A Comissão Global sobre Políticas de Drogas tem 19 integrantes.Entre eles o ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan e os ex-presidentes FHC, Cesar Gaviria, da Colombia, e Ernesto Zedillo, do México. Conclusão da Comissão expressa em relatório deste ano: "A guerra às drogas falhou. Líderes e figuras públicas deveriam ter a coragem de articular publicamente o que reconhecem em particular: que a guerra às drogas não foi e não poderá ser ganha". Guerra esta que não será ganha se nos termos em que foi posta até hoje, o que inclui criminalizar usuários mundo afora. Juan Manuel dos Santos é o presidente da Colômbia. Formado na London School of Economics e em Harvard, de familia de milionários donos até há pouco do Jornal El Tiempo, Manuel dos Santos foi ministro da Defesa do ex-presidente Alvaro Uribe. Uribe, o presidente que associou-se aos EUA para executar o Plan Colombia;de combate à narcoguerrilha e regado com fartos US$ 4 bilhões dos EUA. Bem, tudo isso depois, o que pensa agora o ex-ministro da Defesa e hoje presidente da Colômbia. Palavras dele: "O mundo precisa discutir novas abordagens. Estamos pensando no mesmo esquema dos últimos 40 anos. Um nova abordagem deve tentar eliminar o lucro violento que vem das drogas. Se isso significa a legalização e o mundo pensar que essa é a solução, eu aprovarei. Não sou contra". Disse ainda. "Perdemos (assassinados) nossos melhores juízes, nossos melhores políticos, nossos melhores jornalistas, os melhores policiais, nessa luta contra as drogas ...e o problema continua ai." Opiniões de 19 líderes da ONU e do homem que mais combateu o tráfico na Colômbia. No momento em que o Brasil cria e espalha suas UPPs, que no Rio de Janeiro se desenham e experimentam políticas sociais para a questão, estas são opiniões que também devem ser ouvidas. É tempo de menos ignorancia e de mais informação e reflexão. Tema: Política Nacional
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